quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cordão umbilical

O laço parental une
Ata o corpo
Dependência física do outro

De repente resseca em desacordo
Apodrecido, cai.
É lixo, pesa na solidão

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Quando eu nasci minha mãe disse que eu parecia um rato
Aí, eu cresci e descobri que tinha um dente aprisionado no céu da minha boca
Eu queria arrancar ele de lá pra completar o meu riso
Percebi então que nem todo rato sorri com os dentes

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Deixa eu me tocar com a sua mão
Eu vou destoar no descaso da sua pele,
enquanto os pêlos se arrepiam de ausência

Vibra, sentido, em desejo
Seu toque toa no invisível ensejo
Limito num suspiro o anseio

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os olhos refletem escuro,

o brilho inexpressivo da falta,

desviam sentidos em nada

cerram em medo.


Traduzidos em vazio

a linguagem se restringe,

basta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Em um almoço como outro qualquer, um grupo peculiar se encontra sentado na mesa. Os sete integrantes conversam animadamente, cheio de piadinhas e graças. A sensação de leveza no ambiente é interrompida pelo inesperado, quando a papo toma um tom mais sério. Alguém levanta um questionamento mais filosófico e por instantes todos ficam introspectivos: “Só se conhece a si mesmo através dos outros.” A frase ecoa pelos pensamentos, que vão para longe da rotina e ganham uma nova figura. As idéias preenchem de um silencioso bem-estar o momento e paira uma sensação de esclarecimento ao esclarecer o inegável.

Eles começam a recordar as pessoas que realmente abalaram as estruturas emocionais e ajudaram a construir o que existe dentro de cada um. Um poeta, uma frase da mãe, a ex-namorada e as expectativas com a filha para nascer. Elas ficaram presas, enraizadas no mar de emoções que navega-se em si mesmo.

Uma das garotas entrou no barco, levantou a âncora e flutuou pelas portas dos relacionamentos passados. A cada maçaneta que girava se deparava com o rodapé da ilusão sustentando a presença daquele lugar. As figuras que vagavam ali dentro estavam perdidas na falta, buscando no ar o sentido de existir. Nada. Nunca houve nada ali dentro. A tranca que havia depositado em cada passo torto, impedia de vagar pelo profundo mundo das doces ilusões novamente.

Voltando para a mesa, riu da piada que o palhaço de plantão fez para descontrair o clima. É, amar de verdade não tinha nada a ver com aquilo. Achou melhor deixar as portas da ilusão fechadas e sentir o riso contagiar cada instante.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Um sentimento não conhece tempo. As mágoas duram vidas, as sensações de inferioridade são engolidas e carregadas como encostos. Ficam esperando, no infinito das emoções, por um toque sublime que as liberte.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sóbrio vivo
Dê-me asas
Voar-eu-ei
Sai, enfim, só
Desalado
Só flutuo
Sobrevivo.