sexta-feira, 29 de outubro de 2010

1 X 0

Embaixo da ponte tem um campinho
dribla sonhos,
pega, dá o toque,chuta...
bola
vibra quando cai no gol
A emoção rola
Olé!
desperta a torcida no menino
Ola de ir embora

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O fruto da nogueira

Ata-me
Desenlaça a vontade
Aprisiona em nós
Cego
Noz

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O pronome da amizade

O filme havia acabado. As garotas ficaram na penumbra dos créditos finais, deixando o letreiro passar em silêncio até assimilarem o que haviam visto. Uma delas puxou o cobertor mais pra cima, a do lado se ajeitou melhor no travesseiro, outra tentou se posicionar melhor na cama de casal e a ultima suspirou.

Formavam um daqueles grupinhos de amigas que estavam juntas fazia anos. Quanto mais próximas, mais passavam por momentos parecidos. Uma começava a namorar e em pouco tempo lá iniciavam as outras também. Uma terminava e, não tinha outra, se o relacionamento estivesse mal das pernas, tudo parava de andar. Até mesmo menstruavam na mesma época, mas isto não era porque os laços eram muito fortes e ultrapassavam até as barreiras biologias na fusão, era, somente, pela convivência mesmo. O corpo feminino compreende algumas coisas que não é possível explicar cientificamente e estes vínculos invisíveis nem elas entendiam como haviam sido atados.

Foram os nós dos anos que teceram os fios deste sentimento. As quatro conjugavam cada vez mais aquela ligação, estreitando vidas com as emoções e aprofundando no conhecimento de si mesmas e de ser humana.

Era encantador observar como se entendiam tão bem e seguiam por caminhos opostos. Quando mais jovens, tinham o universo cheio de portas abertas, mas conforme decidiam os passos, caminhavam por estradas diferentes e os problemas curriculares saiam da pauta dos encontros. Nenhuma falava a mesma língua na faculdade, mas apresentavam o mesmo sotaque. Aprenderam desde pequenininhas a linguagem carinhosa dos nós. Era um nós nos amamos, nós nos queremos bem, nós nos ajudamos, nós falamos a verdade quando precisa, nós. Ao ligar uma para outra, observava-se como sentiam os nós.

E aquele era um momento delas, quando podiam falar livremente e aproveitar o final de semana para colocar o papo em dia. Quanto mais falavam, mais tinham coisas para falar. Contaram dos amores, das desilusões, dos sonhos e expectativas, mas nunca deixavam de lidar com maturidade com as situações mais complicadas que poderiam, como em um tropeço vocálico, torná-las em somente eu.