segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tatuagens.

Nunca gostei de tatuagem. Sempre achei exagerado, sem necessidade de inserir algo a mais no meu corpo. Se os outros têm essa vontade, beleza. Vão em frente. Mas sei lá, tinha algo ali que sempre me intrigava. Podia ser o fato de que aquilo não pertencia ao corpo, se aquilo não veio junto do bebê lindo que saiu da barriga da mamãe para que diabos colocar? Ou então devido aquele excesso de cores que surgiam de repente em uma pele uniforme. Desequilibrado, indevidamente desequilibrado. Porque tirar a linda harmonia que havia no corpo? Nunca entendi.

Minha própria casa já virou um centro de tatuagens. As pessoas que moram comigo têm tatuagem. Porque diabos essa relutância insistia em mim? Não podia simplesmente seguir o meio e ser aceita como mais uma dentro do padrão? Não, existe algo aqui dentro que considera horroroso a inserção de tal elemento cheio de tinta no corpo!

Assusta-me o fato de pensar que irão passar a vida inteira com aquilo. Eu não conseguiria, no primeiro mês sairia correndo para tirar. Iria enjoar daquele negocio preso ali. Imagino-me com uma linda fadinha no pé. Depois de algum tempo que a bonitinha já tivesse se acostumado com a moradia em um pé magrelo, eu gritaria até a exaustão obrigando-a a sair de lá. Quem ela pensa que é, gritaria eu, insanamente, chacoalhando meu pé.

Meu corpo é o meu templo. Momento filosofia budista. Meu templo não tem letrinhas japonesas, eu não sei japonês. Não tem desenhinhos em dégradé e muito menos em gradiente. Só sei fazer isto no photoshop pra depois colocar no fundo de tela e ir correndo dizer, foi eu quem fez manhê. Orgulhosa ela me abraçaria e ambas usaríamos o computador mais alegremente.

Meu corpo tem dedos, unhas e sujeira, quando eu ando descalça no chão. Está cheio de cicatrizes, adoro contemplá-las. Sinto um êxtase ao ver que minhas tatuagens são as marcas da vida. Que emoção, minha necessidade com marcas é produzir sempre mais uma que seja muito dolorida. Como o ser humano é masoquista!Ou serei somente eu? Mas quem faz tatuagem também se machuca... Acho que as marcas coincidem com a insanidade de viver. Talvez um dia eu goste até das rugas e ao caminhar toda pelancuda, com os seios no umbigo, o rosto cheio de mancha, eu pense “Ser velho é ter muitas tatuagens”.

Um comentário:

Anônimo disse...

AIIIIIIIIIIIIIIIIII
minha hermana que ficara famosa.
Maior orgulho.
Vc escreve muito bem fdp!
Todos os textos sao simplesmente fantasticos.
volta pra casa.
bjs