quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sabedoria dos Tolos

- Você acredita em destino? – perguntou o garoto, sem tirar os olhos do céu escuro e estrelado.

- Não. Acho que eu sou responsável por tudo o que realizo aqui. Não acredito que nada esteja programado. – respondeu a menina que estava ao lado dele, deitada na grama.

- Eu acredito em partes. Acho que temos o livre-arbítrio, mas o “destino” é a conseqüência das nossas ações. E talvez, quem sabe, as coisas estejam programadas. Não tem como saber, estamos tão presos à engrenagem que é impossível comprovar algo. – a confusão no que ele dizia deixava o encantamento no ar.

- Mas afinal você acredita ou não? – ele riu.

- Eu acredito quando é reconfortante acreditar. Quando meus sentimentos pedem por um significado maior às coisas. Mas quando estou sóbrio, sei que sou dono do meu próprio destino. – agora foi a vez de ela rir e deixar-se gargalhar.

- Por que você está rindo?- sem conseguir conter o riso ela o deixava agoniado.

- Agora, você acredita ou não?

- Neste momento eu acredito que não estamos os dois sozinhos, deitados na grama e olhando para o céu estrelado por nada.

- Que xaveco furado! – ela deu um tapinha no ombro dele.

- Não é isto. Eu acho que esta atmosfera reconfortante e impressionante tem um significado maior. Não é possível que os momentos que mais marcam e são carregados como uma lembrança por toda a sua vida não aconteçam por um motivo.

- Mas não tem! Eles simplesmente aconteceram e agregaram coisas a você. Pode ser que isto tudo seja mágico para você e que guarde este dia até a sua morte. Mas pra mim pode ter sido só mais uma noite.

Ela olhou para ele, sorriu e depois deitou a cabeça no ombro esquerdo dele. Assustado, ele ainda estava introspectivo de mais para abraçar esta nova situação que surgia. Com os corpos mais próximos, agora, continuaram observando na escuridão.

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